Desperte!

Divido com vocês um trecho do livro A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff, uma Metáfora da condição humana, que fala sobre nossas polaridades, sobre quem - essencialmente - somos.

Que possamos, em algum momento, encontrar o nosso Sol! Que despertemos para o nosso melhor, para a nossa identidade mais pura, com corações gratos e conscientes de que há desafios, mas há, também, superações. 

A Vida já nos foi dada, basta saber se estamos dispostos a 
Vivê-la Plenamente!

Seja Você... Águia ou Galinha... Seja Você Mesmo!


"Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. 
Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: 
– Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
– De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
– Não – retrucou o naturalista. 
Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. 
Este coração a fará um dia voar às alturas. 
– Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. 
Então decidiram fazer uma prova. 
O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: 
– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! 
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista.
Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. 
O camponês comentou:
– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! 
– Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. 
Vamos experimentar novamente amanhã. 
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: 
-Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe! 
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas. 
O camponês sorriu e voltou à carga: 
– Eu lhe havia dito, ela virou galinha! 
– Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. 
Vamos experimentar ainda uma última vez. 
Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. 
O sol nascente dourava os picos das montanhas. 
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: 
– Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! 
A águia olhou ao redor. 
Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. 
Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte. 
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou... voou.. até confundir-se com o azul do firmamento... " 

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