De onde vem a Vida?


Uma reflexão ampliada... sobre Vida, Visão e Constelações Familiares!

De onde vem a Vida? Você já se questionou?
Vem do momento da nossa concepção? Da centelha de vida acesa na fusão dos gametas dos nossos pais?
Será?
Mas o óvulo da nossa mãe e o espermatozoide do nosso pai não precisaram estar vivos para que a fecundação acontecesse?

Posso, então, me atrever a dizer que a vida vem de antes e chega em nós através dos nossos pais, que também receberam a vida de seus pais; uma história que percorre anos, séculos...

Geneticamente e vou me ater a esta parte do nosso SER, temos muito latente em nós toda uma herança, uma “carga” de informações vindas das nossas últimas gerações, dos nossos pais até a quinta geração. No entanto, nossos trisavós também receberam suas “cargas”, ou seja, também possuíam suas próprias heranças vindas de gerações anteriores a deles.

Ou seja, a vida que chegou em nós através de todos os nossos ancestrais encontrou caminhos para de uma forma ou outra seguir e perpetuar-se. Somos a continuidade de histórias iniciadas há muito tempo. Se formos calcular, podemos facilmente contar 250 anos, isso sem entrarmos nas gerações que vieram antes e que também fazem parte do nosso Sistema Familiar.

Durante esse período dos 250 anos que a Vida viajou até chegar em nós, posso mais uma vez me atrever a dizer que muitos, mas muitos acontecimentos marcantes aconteceram.

Assim como eu, muitos de nós brasileiros são descendentes de imigrantes de vários lugares do mundo. Alguns dos nossos bisavós e trisavós deixaram suas raízes e partiram em busca de melhores oportunidades de vida. Buscavam prosperidade, felicidade e uma nova morada. Permitiram-se e partiram esperançosos rumo ao desconhecido.

Fizeram seus próprios movimentos, viveram suas escolhas e de certa forma assumiram as possíveis consequências do ir sem ter a certeza de que um dia poderiam voltar para suas origens, rever os familiares e amigos que lá ficaram.

Determinados, festejaram suas conquistas e tocaram a nova fase da vida com otimismo. Sabemos que, mesmo com toda a vontade eles não foram imunes à tristeza, à dor, à escassez e de todas as dificuldades que viveram nos meses que atravessaram o atlântico em navios, por exemplo.

Após a chegada, passaram por todo o período de adaptação da nova morada: o clima, a comida, a língua, a condição social, o trabalho e mesmo assim, continuaram. Tiveram seus filhos, que mais adaptados tiveram os seus, que também fizeram suas escolhas e com coragem também viveram suas partes na história, até que ela pudesse ser entregue a nós.

Sem romantizar, ou idealizar, viveram a vida real, que foi perfeita da maneira que foi. Com todas as suas alegrias e tristezas. Suas cicatrizes deram base para novas fases, para novas descobertas.

Alguns enriqueceram e viveram saudáveis até falecerem bem velhinhos, outros trabalharam arduamente até serem surpreendidos por doenças graves e incuráveis, que os levaram de maneira inesperada.

Muitos amaram perdidamente, fugiram e viveram grandes amores ou não. Outros foram abandonados, sofreram e nunca mais se recuperaram. Alguns outros se reconciliaram e deram outra chance à família que haviam constituído. E alguns ainda mataram, outros morreram em defesa da “honra”.

Filhos ainda muito jovens cresceram como provedores e responsáveis por todos da sua família, inclusive seus pais e irmãos. Ocuparam lugares que não eram os seus o que de certa forma causaram vários conflitos e muita desordem. Alguns seguiram padrões ou iniciaram novos que foram repetidos nas gerações que vieram.

E assim podem ter sido os períodos vividos pelos nossos antepassados. Não saberemos, com muita clareza como tudo foi vivido, a não ser se tivermos tido a sorte de ter relatos guardados sobre suas histórias mais íntimas e sobre as percepções do que viveram, o que não era muito comum ser dito e feito na época. As relações eram mais reservadas.

Fato é que frente a eles e como filhos seremos sempre pequenos. Somos menores que nossos pais, menores ainda que nossos avós e assim por diante. Somos frutos, que deram ou darão frutos em algum momento no futuro. Enquanto filhos e netos, somos pequenos.

Bem, assim, quando olhamos para trás e vemos amorosamente nossa origem, vemos o quanto há, o quão fortes e determinados nossos antepassados foram. Eram outros tempos e a vida era bem diferente da que temos hoje.

Foram eles que abriram estradas, carpiram mato, construíram suas próprias casas, plantaram seu alimento e abriram seus pequenos negócios. Demoravam horas para ir do local onde viviam até a cidade mais próxima, em pequenas charretes ou a pé já que o primeiro carro a rodar no Brasil foi em 1891.

Luz elétrica em casa? Nem todos tinham, a maioria iluminava suas casas com velas, candeeiros ou lampiões. Banho quente? Só se a água fosse primeiramente aquecida no fogão à lenha e depois colocada nos chuveiros feitos com uma lata suspensa, que pendia e soltava água quando puxado por uma corda. Banheiro? Era geralmente fora da casa, quando não era uma latrina no fundo do quintal. Telefone? Televisão? Muitos dos nossos avós e até pais são mais velhos do que esses meios de comunicação, que eram artigos de luxo. Apenas as famílias mais abastadas tinham em casa.

Maternidade? Muitos nasciam em casa, com a ajuda de Parteiras, quando elas chegavam a tempo. Minha avó deu à luz ao meu pai, seu primeiro filho, com a ajuda de uma parteira, em uma das cidades que prosperavam no Norte do Paraná em 1946. Nada de parto humanizado. Era quase uma roleta russa e muitos não conseguiam vencer seu primeiro grande desafio, nascer. Minha mãe, alguns anos depois já nasceu no pequeno Hospital da cidade.

Hoje podemos viajar e rapidamente percorrer 10.000 km em aviões ou andar em carros confortáveis por estradas asfaltadas. Podemos desfrutar das modernidades provenientes da Revolução Tecnológica. Temos Internet, celulares, conversamos com quem está do outro lado do mundo através de vídeo chamada. Acessamos informações sobre o que está acontecendo em tempo real. Até as crianças da Era Digital já sabem que é preciso deslizar o dedo nas telas sensíveis ao toque.

Isso tudo faz parte da nossa evolução, da nossa herança, da nossa Vida! Tudo isso está em nós, registrado no nosso Campo Morfogenético, uma grande memória coletiva, que leva informações ao longo do tempo. Está nos nossos sentimentos, nas nossas emoções e no nosso comportamento enquanto sociedade.  

Tudo está registrado, desde o momento da concepção da Vida, há milênios no Big Bang ou nas Partículas de Bóson surgidas logo após essa grande explosão. Tudo está relacionado à Vida, que navegou por todo esse tempo até chegar a que temos hoje.

Cada Vida, uma Vida! Cada Vida com sua importância única. Ninguém viverá a vida por nós, assim como nós não viveremos a vida de ninguém. Precisamos ir para a Vida! Há momentos em que nos damos conta que fazemos parte de algo bem maior. São pequenos capítulos de um grande enredo. Cada capítulo vivido com suas particularidades, frutos de ramos de um tronco, de um continente, de um país, de um povo, ou da mistura de vários povos, todos com seu valor e todos, parte da grande árvore chamada Vida.

Dos meus ramos, trago em mim muito do sangue italiano da minha herança materna e um sobrenome que mantém viva a descendência. Na aparência, com meus cabelos negros e cacheados, mantenho viva a minha descendência espanhola, vinda da herança do meu pai.

Então, quando olho para o meu reflexo, no espelho vejo com muita gratidão tudo o que chegou a mim e me sinto, assim, livre para dar a continuidade. Com o tempo percebi, que o amor com que meus pais e avós sempre me trataram ia muito além dos cuidados que tinham comigo. Sempre houve muito amor e isso passou entre as gerações da minha família, tanto do lado materno, quanto paterno. É visível!

Honro, verdadeiramente, meus Pais. Deles eu recebi o suficiente! Recebi o amor incondicional de pais que sempre torceram para que suas filhas, eu e minhas duas irmãs mais novas, fossemos prósperas e felizes.

Hoje estou longe fisicamente deles dois. Meu Pai está na Grande Morada, ainda me emociono quando falo nele, um pai amoroso, dedicado, que me deixou pronta antes de partir há menos de um ano. Tenho dele a força e o ímpeto da Vida, sou destemida, como ele mesmo me descrevia. O mundo não tem fronteiras, nem a Vida. Há Infinitude e um dia, na hora certa, nos reencontraremos. Da minha mãe tenho a doçura, que combati por tanto tempo. Tivemos nossas diferenças, eu primogênita e com laços muito estreitos com meu pai não dava muita chance para a nossa relação e ela sempre paciente aguardou o meu movimento de ida e de volta. Ela é suave e forte ao mesmo tempo. Uma mulher decidida, empreendedora e de espírito livre que segue seus projetos, sempre ativa e criando algo, não só na cidade onde mora.

Minhas irmãs são minhas lindas amigas. Companheiras desde sempre. Trocamos ideias, torcemos umas pelas outras, choramos e rimos juntas! A distância física nunca foi problema para nós. Nos falamos várias vezes por dia, temos aquele aplicativo instalado no celular. Nossa mãe está sempre envolvida!

No Mosaico da minha Vida percebi que quanto mais integrava a minha mãe, mais suave eu ficava, mais feminina e mais mulher eu me tornava, ao mesmo tempo mantinha a força e a energia masculina do meu pai. Tenho integradas em mim as minhas duas metades essenciais.

Como sou grata a eles dois, aos meus Pais! Como sou grata aos pais deles que lhes deram à vida, meus queridos avós. Conheci os quatro e convivi boa parte da minha vida com eles. Cada um do seu jeitinho e de cada um, muitas lembranças gostosas. Minha avó materna ainda nos brinda com a sua presença, jovialidade e saúde. Aos 86 anos de idade, Vive!

Falei um pouco de mim, para dividir minhas histórias, contar um pouco da minha vida, uma vida nem mais nem menos do que a de ninguém, apenas a minha. Eu também já passei por momentos de dores e de muitas alegrias. Já questionei muito, pois questionar faz parte da minha natureza e me faz sair da zona de conforto. Me faz movimentar.

E foi nesse meu caminhar, na busca pelas minhas respostas que entrei no mundo do desenvolvimento pessoal. Abri-me para o novo e me permiti ver a vida e as situações por outro ângulo. Compreendi muitas sensações e emoções que vivi. Percebi minhas responsabilidades e concebi as relações de outra maneira. Assumi nova postura aprendida com as Constelações Familiares e as Ordens do Amor. Onde há Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio, há harmonia e leveza!

Desde então, pratico diariamente o não julgar, o não culpar, o ver além do que está tão óbvio. Um exercício constante. Ainda tenho embates, mas o Pensamento Sistêmico Complexo e as Constelações Sistêmicas me brindaram com mais serenidade para lidar com conflitos, quem sabe a maturidade, também!

Hoje, aos meus quase 45 anos, estou casada com o meu segundo marido, meu grande amor, um encontro feliz. Fizemos a opção de caminhar lado a lado e temos muito para viver e contribuir. Temos muito para retornar, pois reconhecemos com carinho o que recebemos.

Nossos Filhos? Não vieram. Imersa no mundo das Constelações, principalmente nas Familiares já refleti bastante sobre os motivos pelos quais eles não nasceram. No momento compreendo com o coração aquecido. Está tudo bem! 

Tudo é perfeito como é!

Daremos continuidade ao que recebemos de outras maneiras, afinal, nem todo mundo vive a mesma história, nem mesmo as que seguem padrões e repetições por lealdade. Vivemos nossas partes únicas da história dentro da nossa história familiar e da História das histórias.

Sou grata à VIDA, vinda de tão longe e mesmo sem poder afirmar qual foi a sua origem, tomo-a e em seu lindo bailar coloco-me a serviço!

Sigo meu caminhar reverberando Amor, pois acredito no seu poder de transformação. Há Amor disponível em todas as partes e quando olhei, generosamente, despertei para uma consciência maior.

Em seu ciclo virtuoso a vida flui abundante!

Comentários

  1. Obrigada por compartilhar, Estella. Uma jornada fantástica e contínua!💓💓💓

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  2. Que lindo! Quantas histórias carregamos...

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  3. Minha menina linda! Estou encantada com tudo que li! Foi uma viagen verdadeiramente feliz ! Amei! Amo voce agradeço a Deus por voce existir !

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