Pangeia - Um Olhar Sistêmico para a Origem
Já fomos um só continente! Isso é o que sugere a teoria de Alfred Wegener, Deriva Continental, apresentada em 1913 na obra “A Origem dos Continentes e Oceanos". Para o geólogo e meteorologista alemão os continentes, hoje separados, já estiveram unidos em uma única estrutura de terra chamada por ele de Pangeia – Terra Única.
Wegener não foi o único cientista a trazer essa teoria. Muito antes dele o cartógrafo Abraham Ortelius, o pai do Atlas Moderno, já havia levantado essa hipótese. Os dois observaram as semelhanças das costas da atual África e América do Sul e Europa e América do Norte. O Antigo Continente um dia esteve ligado ao Novo Mundo e as evidências acrescentadas por Wegener reforçaram a teoria inicial.
Banhado por um único oceano chamado Pantalassa, o supercontinente Pangeia teria existido na Era Paleozóica e cerca de 150 milhões de anos atrás, seguindo o fluxo natural da evolução, iniciou a sua primeira divisão dando origem a dois continentes menores denominados Laurásia e Gondwana, que também acompanharam o fluxo da evolução e cerca de 65 milhões de anos atrás voltaram a se dividir originando os continentes hoje conhecidos.
Olhar para isso tudo através da Visão Sistêmica me trouxe algumas reflexões interessantes, entre elas a relação com o momento que vivemos, de Pandemia. Percebi que as palavras Pangeia, Pantalassa e Pandemia possuem o prefixo Pan em comum.
A palavra Pan origina-se da também palavra grega Pan (pás) que traz a ideia de Totalidade, universalidade, um único bloco de Terra – Gaia ou Ge como a Titã grega, que personificava a Terra com todos os seus elementos. Thalassa significa Oceano em grego e Demos, Povo. Portanto temos: Toda Terra, Todo Oceano e Todo Povo, ou em um português mais atual: Toda a Terra, Todo o Oceano e Todo o Povo.
Então, quem sabe ainda nos falte um olhar para essa Totalidade, para a Terra e toda a sua vida pulsante. Para o seu um dia único Oceano, que com suas águas banha a agora fragmentada Terra e seus Povos. Um olhar para essa parte da nossa Origem, a mais remota, a mais inteira, a que foi berço de todas as outras, que concebeu os primeiros Homens e as primeiras Mulheres, que juntos formaram toda a humanidade e deram continuidade ao processo evolutivo que nos trouxe até aqui.
A Pandemia de 2020 paralisou o frenético mundo e regenerou em suas quarentenas muito do que caminhava para o caos do ecossistema. Promoveu ciclos, trouxe dor e nos lembrou da importância da presença, do abraço, da palavra de carinho e da força da empatia.
A cura, tenha ela o significado que tiver para cada um de nós, se aproxima quando conscientemente olhamos respeitosamente para o que o sintoma, neste caso a pandemia, nos propõe olhar. Nos disponibilizamos a trazer à tona o que estava esquecido, encaixotado nas memórias dos nossos ancestrais e integramos à nossa história. Nada foi em vão e que nada seja em vão!
Que posamos, então, Ver a nossa Origem, o Planeta Terra, a Vida e seus momentos únicos, sem tantos julgamentos, exigências e exclusões. Somos todos iguais, não há maiores e menores ou melhores e piores. Somos todos seres humanos e compartilhamos um caminhar evolutivo.
Viemos de uma única Mãe Terra e de um único Pai Oceano. Somos todos frutos - Povos Irmãos e conectados apesar das suas particularidades e importâncias únicas. Fazemos parte desse Todo Maior, quem sabe de outras grandes Pangeias do Cosmos, portanto, olhar para o todo com humildade e gratidão nos nutre e nos liberta para que possamos seguir, com leveza, nossas próprias jornada.
Não há fórmulas mágicas ou instantâneas, mas um responsabilizar-se pelas nossas próprias vidas, pelas nossas atitudes, pelo que fazemos e até mesmo pelo o que muitas vezes deixamos de fazer. Enfim, pelas nossas escolhas.
Que possamos nos reconhecer, assentir o nosso lugar e o lugar do outro e a partir desse ponto contribuir, cada dia mais, para o Bem Comum, para relações mais harmoniosas e para a Vida Plena!
Com carinho, Estella Parisotto Lucas
@constellate.br
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